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on 14:54
Boa leitura! Brevemente postaremos a Parte 2 :)
Capítulo 1 ~ Entre o Sonho e a Realidade
(Parte 1)
(Perspectiva da Renesmee)
Acordei exaltada com o som do despertador. Estiquei-me até à mesa-de-cabeceira ainda com os olhos meio fechados e rapidamente o desliguei. À medida que os meus olhos se habituavam à luz deixei a cabeça cair sobre a almofada. Olhei à minha volta. Realmente não tinha sido uma noite calma, os lençóis estavam praticamente fora da minha cama e a almofada estava no chão, lugar onde provavelmente passara grande parte da noite. Aquilo não era normal. Sim, é verdade que à velocidade a que crescia já nem esta cama se adaptava totalmente a mim. Por sorte, o tio Jasper já planeava construir-me uma maior. Mas mesmo assim… Não era normal acontecer-me isto. A última vez que acordara assim fora há bastante tempo, numa noite em que sonhei com o Jacob.
Era capaz de jurar que não tinha sido isso. Não, eu sabia que não tinha sonhado com ele… Mas, se tudo isto se devia a um sonho, que sonho era esse?!
Enquanto me debatia com este enigma ouvi os passos do meu pai a dirigirem-se ao meu quarto. Sentei-me na cama rapidamente e tentei livrar-me destes pensamentos esquisitos. O pai provavelmente iria chatear-me com isso o resto do dia se soubesse.
A porta abriu-se e ele sorriu.
- Bom dia filha, dormiste bem?
Por pouco não desatei a rir, o pai perguntava sempre isto mas desta vez era ridículo. Eu não tinha dormido bem, mas nem eu sabia porquê!
- Bom dia pai! Sim, dormi – menti, disfarçando um sorriso.
- Bem, eu e a tua mãe vamos caçar, ficas com a Alice e a Esme. O Jasper, o Emmett e a Rose também vêm connosco e o Carlisle está de serviço hoje.
- Tudo bem! Vou vestir-me e já me despeço deles, ok?
- Ok, mas apressa-te, eles estão a ficar esfomeados – disse o pai rindo.
Deu-me um beijo na testa enquanto me punha uma madeixa de cabelo atrás da orelha, como se adiantasse muito. Todas as manhãs os meus caracóis acordavam como se nunca os tivesse penteado durante os meus 6 anos de existência.
- És bonita, penteada ou despenteada. O que interessa? – disse o pai a rir-se do meu pensamento. Não é fácil ter-se um pai que lê mentes.
Saltei da cama e vesti a primeira peça de roupa que vi, neste caso era um vestido desportivo, prático para usar em casa.
Desci as escadas a correr e lá estavam todos eles à minha espera. Dei os bons dias a todos e dei um beijo a cada um. O pai tinha razão, mal me deram tempo para falar, saíram pela porta da frente.
Sentei-me com a Alice no sofá, a avó Esme estava a ler um livro numa língua estranha qualquer.
- Ness, sabes quem vem cá daqui a uns dias? – disse-me Alice entusiasmada, como de costume.
- Quem?
- Lembras-te do Nahuel?
Aquele nome era-me bem conhecido. Nahuel, o tal rapaz que era igual a mim.
- Sim, claro que lembro – respondi, pensativa.
- Ele e a sua tia, em princípio, vêm visitar-nos – afirmou Alice, hesitando pela minha reacção.
- Disseste, em princípio?
- Sim, Ness. Foi apenas uma visão, até lá eles podem mudar de ideias…
Não respondi. De repente tudo me começou a vir à memória. Nahuel, tinha sido com ele que tinha sonhado, tinha a certeza.
Estava tão absorvida nestes pensamentos acerca do meu enigma que nem dei conta da presença de Jacob.
Ele olhou-me com um ar preocupado, demasiado até. De certa forma já estava habituada à forma como ele me protegia e se preocupava comigo. Ainda não tinha compreendido muito bem o porquê de tanta inquietação a meu respeito. Jacob chegava a exagerar. Desde que eu nascera que ele não fazia outra coisa senão estar comigo. Não que eu não gostasse, muito pelo contrário. A presença dele era já indispensável para mim. A ligação entre nós era mais forte do que qualquer um podia imaginar, mas mesmo assim, havia pessoas que pareciam não achar muita graça à ideia. Por exemplo, o meu pai. Já o tinha ouvido, mais que uma vez, a discutir com o Jacob sobre mim. Sinceramente, não percebia qual era o problema da minha relação com ele. Não devia o meu pai estar feliz por saber que tenho alguém que cuida de mim? Sempre que perguntava a Jacob o porquê do meu pai o tratar assim ele mudava de assunto, como que para me proteger, mais uma vez.
Assim que o vi com aquela expressão tentei acalmá-lo, levantei-me do sofá e corri a abraçá-lo.
- Jacob! Não me disseste que cá vinhas hoje, não estava à espera desta surpresa! – tê-lo a meu lado fazia com que eu me sentisse sempre assim, feliz.
- Não venho sempre que posso? – disse Jacob, quase ofendido.
- Sim, eu sei, e ainda bem!
Abracei-o ainda com mais força e ele sorriu para mim, agarrando-me também. A minha cabeça dava por baixo do seu queixo, mas, ao contrário do normal, eu não me importava muito com isso. Fazia sentir-me ainda mais protegida, aliás, tudo nele me fazia sentir assim. O calor da sua pele, o seu sorriso, tudo.
- Vamos dar uma volta? – perguntou Jacob com aquele seu ar inocente, disfarçando um sorriso.
- Como se eu conseguisse recusar uma proposta dessas não é?
Ao dizer isto senti o coração dele bater um pouco mais rápido. Sentia-me bem ao saber que era tão importante para ele ao ponto de lhe causar reacções como esta.
Jacob afastou-se de mim com cuidado e dirigiu-se à cozinha, que estava praticamente intacta, visto que não a usávamos para qualquer outra coisa senão para manter a farsa, à procura de Esme que tinha começado a limpá-la devido ao pó que acumulava.
- Esme, posso ir com a Nessie dar uma volta? – Pediu, falando com o mesmo entusiasmo que um rapaz pequeno na noite de Natal.
- Por mim tudo bem, mas já sabes, cuida bem dela! – Respondeu com o seu ar maternal.
Subi para me ir calçar e enquanto tentava enfiar as botas que Alice me oferecera nos pés, Jacob entrou no quarto.
- Posso? – Perguntou satisfeito.
- Força – Respondi, mais concentrada nas botas do que propriamente nele. Não estava a conseguir calçá-las, o que me enervava profundamente.
Jacob ajoelhou-se e ao ver a minha cara irritada começou a rir-se sonoramente.
- Não vejo onde está a piada! – Exclamei, brutamente.
A minha resposta ainda o fez querer rir mais. Reparei que forçava os lábios para se controlar. Pegou na bota cuidadosamente e enfiou-a no meu pé perfeitamente, e à primeira vez.
- Não foi tão difícil quanto pensava – disse ele com um tom provocador.
Não respondi e limitei-me a lançar-lhe um pequeno olhar de ódio. Não sei onde é que ele arranjava tanta paciência para mim mas uma coisa era certa, era precisa muita. E ele tinha-a.
Estendeu a mão para me ajudar a levantar e colocou o braço por cima dos meus ombros.
- Vamos lá, pequena fera.
Não queria dar o braço a torcer mas a maneira como ele disse aquilo fez-me rir. Jacob sorriu e esfregou-me o cabelo com a mão, de maneira a despentear-me.
- Jacob Black! – reclamei, tentando ajeitar o cabelo.
Ele parecia cada vez mais divertido, toda a gente sabia que eu odiava estar tão despenteada. Dei-lhe uma cotovelada em forma de vingança.
- Desta vez mereceste! – disse, sorrindo gloriosamente para ele.
Descemos as escadas juntos, rindo. Alice estava junto da porta a olhar para nós enternecida. Ela era das poucas pessoas que me defendia quando o assunto era a minha relação com o Jacob.
Abriu a porta e o Jacob, como cavalheiro que é, deixou-me passar primeiro.
- Voltamos antes do sol se pôr! E sim, prometo que a trago inteira! – disse Jacob em tom de brincadeira a Alice, à medida que nos afastávamos.
- Divirtam-se meninos! – respondeu, fechando a porta.
- Onde vamos? – perguntei a Jacob.
- Bem, estava a pensar em irmos à floresta, que te parece? – perguntou Jacob à espera da minha aprovação.
- Por mim tudo bem! – Respondi. Para mim não importava realmente o sítio onde iríamos, desde que ele estivesse comigo. E provavelmente ele sabia disso.
Caminhámos juntos, entre risos e provocações. Era incrível a maneira como ele fazia com que todas as minhas preocupações desaparecessem. Gostava tanto dele…
- Em que estás a pensar? – Perguntou Jacob.
Assim que ele acabou a pergunta, apercebi-me que devia estar com uma expressão absolutamente patética.
- Em ti. – Respondi quase automaticamente.
Não! Eu não podia ter dito aquilo!
- Em mim? – Disse Jacob, agradavelmente surpreendido.
- Não, não era isso que eu queria dizer! Não é que eu não pense em ti, mas desta vez não era. Mas não… - assim que ia terminar a frase, em pânico, tropecei numa pedra e Jacob, embora tentasse, não teve tempo de me agarrar. Provavelmente estaria mais interessado na minha ridícula explicação.
- Nessie! Estás bem?! – Desta vez acho que Jacob tinha motivos reais para se preocupar, estava com imensas dores no pé, embora soubesse que não era nada grave.
- Eu estou bem. – Não queria que Jacob pensasse que era fraca.
- Nessie, vá lá! Diz a verdade, só assim te posso ajudar! Queres que vá chamar o Carlisle? – Jacob estava apavorado.
- Não te atrevas a deixar-me sozinha! – Supliquei.
- Só quero que estejas bem. – Disse, enquanto examinava o meu pé.
- E estou, enquanto estiveres aqui estou. – Expliquei, tentando sorrir, apesar das dores.
Ele levantou imediatamente a cabeça para me olhar nos olhos, será que ele duvidava daquilo que eu estava a dizer?
- Não precisas de fazer-te de forte, sabes disso?
Enquanto falava, aproximava-se de mim, acariciando-me o rosto. O seu calor atenuava as dores, à medida que ele se aproximava. Ele movia-se cuidadosamente, o que fazia com que a minha ansiedade fosse ainda maior. Não me conseguia mexer, limitava-me a esperar que ele se aproximasse. O meu coração batia mais rápido a cada centímetro que o seu rosto avançava em direcção ao meu.